Paradigmas


Citações:

"a mudança de paradigma das ciências, em seu nível mais profundo, implica uma mudança da física para as ciências da vida" (CAPRA, 1997:29)


Estudo:


Educação e Paradigmas


É fácil de perceber em nossa sociedade que muitas mudanças precisam acontecer, é igualmente fácil ver que a educação necessita de algumas transformações para se adequar à realidade em que vivemos: transformações sociais, mudanças climáticas, pico do petróleo, tecnologias da informação e da comunicação... Mas, de fato, operacionalmente falando, será que conseguimos identificar o que exatamente deve mudar?

Quais padrões e comportamentos não cabem mais em nossas vidas e por quais formas iremos substituir estes padrões? O que é exatamente que nos “desconecta” do nosso verdadeiro Ser e da natureza como um todo? É necessária uma análise cuidadosa da nossa cultura e do nossos costumes para sabermos discernir o que é valioso enquanto tradição e o que é ultrapassado enquanto paradigma.

Afinal, não podemos querer conceber novas práticas e teorias educacionais com os mesmos fundamentos que foram utilizados durante tanto tempo e que já não se adéquam mais aos tempos de hoje. É preciso perceber o que não serve mais, é preciso desenhar o futuro que queremos e assim trilhar os caminhos da educação rumo à resiliência, à sustentabilidade e à consciência ecológica.

Vejamos, pois, algumas citações de Edgar Morin sobre paradigmas e algumas sistematizações elaboradas a partir do livro “Os Sete Saberes para a Educação do Futuro” (pág. 29 a 32):

Um paradigma pode ser definido por:

·         A promoção/seleção dos conceitos mestres da inteligibilidade (selecionados/selecionadores)
A ordem nas concepções deterministas
A matéria nas concepções materialistas
O Espírito nas concepções espiritualistas
As estruturas nas concepções estruturalistas

Excluem ou subordinam os conceitos que lhe são antinômicos
·         A promoção/seleção dos conceitos mestres da inteligibilidade
O paradigma está oculto sob a lógica e seleciona as operações lógicas que se tornam preponderantes : exclusão-inclusão; disjunção-conjunção; implicação-negação
É o paradigma que outorga o privilégio a certas operações lógicas em detrimento de outras. O paradigma funda o axioma

“O Paradigma efetua a seleção e a determinação da conceptualização a das operações lógicas. Designa as categorias fundamentais de inteligibilidade e opera o controle do seu emprego. Assim, os indivíduos conhecem, pensam e agem, segundo os paradigmas inscritos culturalmente neles”.

Exemplos:

Paradigmas:
Paradigma mais profundo:











Idéia:
 HOMEM ß à NATUREZA
Inclui o homem na natureza e qualquer discurso que obedeça a esse paradigma faz do humano um ser natural e reconhece a sua “natureza humana”












Ambos estão num paradigma ainda mais profundo: O PARADIGMA DA SIMPLIFICAÇÃO que prescreve quer a redução do humano ao natural, quer a disjunção (aqui do humano e do natural)
Disjunção: determina o que há de específico no humano pela exclusão da idéia de natureza


Outros paradigmas que impedem a unidualidade:

NATURAL ßà CULTURAL

“Só um paradigma complexo de implicação/distinção/conjunção permitiria uma tal concepção, mas ele ainda não esta inscrito na cultura científica”
CEREBRAL ß à PSÍQUICO

“O paradigma é inconsciente mas irriga o pensamento consciente, controla-o e, neste sentido, é, também sobreconsciente”.

“O paradigma instaura as relações primordiais que constituem os axiomas, determina os conceitos, comanda os discursos e/ou as teorias, organiza a organização dos mesmos e gera a geração ou a regeneração”.

Edgar Morin chama atenção para “o grande paradigma do ocidente” formulado por Descartes e imposto pelos desenvolvimentos da história européia desde o século XVII. O paradigma cartesiano que separa o sujeito do objeto. Essa dissociação atravessa o universo de um extremo ao outro:

Sujeito/objeto
Alma/Corpo
Mente/Matéria
Qualidade/quantidade
Finalidade/causalidade
Sentimento/razão
Liberdade/determinismo
Existência/essência

Esse é o paradigma da disjunção, da separação, da fragmentação. Segundo Morin “a não obediência a essa disjunção só pode ser clandestina, marginal, desviante”. Esse paradigma nos mostra desdobramentos de um mesmo mundo: objetos submetidos a observações, experimentos e manipulações e do outro lado os sujeitos colocando-se problemas de existência, de comunicação, de consciência, de destino. “Assim, um paradigma pode ao mesmo tempo elucidar e cegar, revelar e ocultar. É no seu seio que se encontra escondido o problema-chave do jogo da verdade e do erro”.



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